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A partir de Reportagem no Fantástico veja como aprimorar uma matéria ambiental

Em 3 de janeiro de 2016 a rede Globo veiculou uma matéria no Fantástico sobre um movimento de redução de lixo que já evitou o uso e descarte de 750 mil copinhos plásticos. A iniciativa do Projeto Menos 1 Lixo é excelente, os resultados são sólidos e inspiradores, mas a reportagem foi baseada em conceitos ambientais já cansados. Além disso algumas questões práticas e econômicas foram esquecidas ou ignoradas, o que pode repelir novas adesões por fazerem as ações ambientais parecerem mais caras e complicadas do que realmente são.

Após assistir o vídeo no link acima leia nossas avaliações ponto a ponto da reportagem

– Não cita o valor economizado com os copos descartáveis evitados;

– O óleo de cozinha é um caso clássico em que o reduzir é muito melhor. Nem todas as cidades tem coleta de óleo usado. Portanto evite as frituras, mas se gostar muito, assuma o custo ambiental e de saúde adquirindo uma fritadeira elétrica que usa pouquíssimo óleo;

– As pilhas idem. Reciclar é legal, mas o ideal é evitar a todo custo e se for realmente necessário usar recarregáveis. No início são mais caras mas como duram 300 ou 500 ciclos acaba, sendo mais econômicas e ambientalmente adequadas;

– Dona Monique comprou e instalou a Prensa PET no seu apartamento. O aparelho é ótimo mas custa R$ 125,00. Amassar com as mãos é mais prático, barato, rápido e igualmente seguro. A menina filmada saiu da casa dela para amassar as garrafas no apartamento da Dona Monique. Nada prático, muito menos barato;

– As sacolas plásticas tem alto índice de reaproveitamento então elas não “viram lixo” como diz a reportagem. É muito melhor reduzir, mas se pegar ou receber dá para reutilizar e por fim ainda é possível reciclar. Insinuar que seu uso e volume é um problema desperdiça a oportunidade de ensinar os 3 Rs com um único resíduo;

– A Fernanda usa saco plástico sim, seja reutilizando sacolinhas ou comprando sacos para lixo;

– A composteira na casa da Fernanda custa R$ 230,00 (se for a menor). Melhor usar uma caixa organizadora simples furada no fundo que pode compostar com ou sem minhocas (veja nesse vídeo). Esse sistema é bem mais barato até que o do Ciclo Orgânico, mas o projeto carioca agrega as pessoas que não querem fazer em casa ou não tem tempo para essa atividade;

– Na parte do cartão que a Ciclo Orgânico entrega eles podiam explicar que a compostagem troca a emissão de metano por gás carbônico, muito menos estufa. E de quebra derrubar o mito de que o metano emitido pelo nosso rebanho é a maior fonte deste gás no Brasil. Na realidade o lixo emite quase 30% mais que o gado;

– Abordar o aproveitamento integral de alimentos seria uma bela sacada para mostrar a sinergia possível entre meio ambiente e desenvolvimento social. Em tempos de crise ou não, economizar com alimentação, ganhar em saúde, preservando o meio ambiente e ajudando a reduzir custos de coleta de lixo é uma grande sacada especialmente para as classes sociais menos favorecidas. A reportagem nem cita, mas nos citamos aqui uma, duas, três formas só para dar um gostinho;

– Levar o copinho consigo na bolsa ou mochila é uma ótima ideia, mas seria valioso explicar que o oferecimento de copos descartáveis só deve ser feito em bebedores voltados para público visitante. Muitas escritórios ofereciam para os funcionários e neste caso um copo de vidro (ou xícara ou garrafinha tipo Squeeze) já é uma mudança adotada com sucesso por muitas empresas Brasil afora.

Disseminar informações ambientais deve hoje em dia, ser feito com cuidado para não espantar ao invés de atrair. Práticas complexas ou que demandem muito espaço, muito investimento ou serviços que não estão disponíveis em todas as cidades acabam por repelir novos adeptos das práticas mais sustentáveis. Podem parecer legais e plásticas na TV mas pouco fazem para tornar nossas cidades locais melhores para se viver.

Saiba mais sobre o projeto Menos 1 Lixo.

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Link para atribuição de créditos: http://www.recicloteca.org.br/?p=16590

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