Em 1999 o UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância e a Adolescência) iniciou uma campanha junto aos 5500 municípios brasileiros para erradicar o trabalho infantil nos lixões. A situação era gravíssima. Estimativas indicavam que 50 mil crianças e adolescentes viviam e/ou trabalhavam no lixo tirando de R$ 1,00 a R$ 6,00 por dia. Era pouco, mas fundamental para o orçamento familiar. Em troca ficavam sujeitas a um sem fim de doenças tais como bronquite, alergias, pneumonia, hepatite A, berne, infecções de pele, tuberculose, septicemia, hepatites B e C pelas agulhas e sangue do lixo hospitalar, além do risco de serem atropeladas por caminhões. Segundo o UNICEF mais de 30% das crianças em idade escolar nunca tinham ido à escola. Em cerca de 3 anos o projeto tirou 15 mil crianças dos depósitos e das ruas inserindo-as no PETI (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil) com o pagamento de bolsas-escola para suas famílias.
Mais de dez anos se passaram, e em pleno século 21, o problema ainda está aí, oculto aos olhos de todos nós até que a dura e cruel realidade explode à nossa frente com a notícia de mais um acidente em lixões, dessa vez envolvendo uma criança. Maikon, de apenas 9 anos foi soterrado num lixão de Campo Grande MS, quando brincava de recolher garrafas PET e latas.
A responsabilidade legal pela coleta e o correto armazenamento do lixo é das prefeituras, mas a responsabilidade moral é de todos nós. Lixões a céu aberto não parecem sensibilizar ninguém pois ficam longe dos nossos olhos e narizes, mas é nossa sujeira prejudicando a vida de milhares de pessoas Brasil afora.
Cobre de sua prefeitura que elimine os lixões, participe da coleta seletiva, não jogue lixo na rua, reduza o desperdício. Leis proíbem o trabalho infantil nos lixões, mas só a mobilização e participação popular para a verdadeira gestão integrada do lixo corrigir nosso erro secular de apenas ‘varrer a sujeira para debaixo do tapete’.
Saiba mais sobre Maikon, o menino que foi soterrado, aqui.
Fonte: Unicef
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