Já dizia o poeta que mais importante que a velocidade da mudança é a direção que tomamos que faz a diferença.
Em tempo de crise ambiental, a mudança de comportamento torna-se uma demanda cada vez mais necessária para garantir a vida no planeta como a conhecemos hoje. Contudo, ainda resistimos muito a toda e qualquer alteração em nosso estilo de vida. Acontece que o tempo urge e precisamos nos desfazer de idéias que nos levem a compactuar com um modelo de vida insustentável para nós e para as futuras gerações.
Mesmo as novas idéias, com um discurso ambientalmente correto, podem vir impregnadas com o antigo paradigma da nossa sociedade. Exemplos dados na mídia ou por nós mesmos como ecologicamente saudáveis, podem, na realidade, estar somente dando novos contornos a antigos hábitos.
Um supermercado na Zona Sul do Rio de Janeiro pode ser citado como um caso exemplar. Na semana passada, uma reportagem do programa Cidades e Soluções (Globo News), mostrou como esta rede varejista destina para compostagem os legumes, verduras e frutas considerados fora do padrão de qualidade para serem comercializados aos seus fregueses. Vale ressaltar que a questão é justamente esta. Fora do padrão de qualidade para uma determinada classe social consumir. O material destinado para virar composto por este estabelecimento não estava impróprio para o consumo humano, como bem mostra as imagens do programa. A iniciativa de destinar a matéria orgânica inservível para ser compostada é ótima e louvável. Deveria ser praticada não apenas por esta rede de supermercado, mas por todos os estabelecimentos que lidam com alimentos e por nós mesmos, consumidores e cidadãos responsáveis pelo ambiente em que vivemos. Desde que isto não seja fruto de desperdício e rotulado com um discurso ecológico duvidoso.
Necessitamos ficar atentos não apenas aos discursos e às ações das empresas, mas às nossas também. Escutamos o tempo todo, as pessoas justificarem suas atitudes com frases do tipo: “Consumo muita coisa mesmo, mas apenas produtos ecológicos!”; “Ah, não tem problema levar essa embalagem pra casa, depois eu mando pra reciclagem!”; “Mas ninguém separa o material, por que eu vou fazer? Além, disso, depois vão misturar tudo mesmo”. Ou, ainda, uma retórica que reflete uma preocupação econômica: “Jogo lixo no chão para dar emprego para o gari! Senão, como é que ele vai trabalhar?!”; “Se a pasta de dente vier sem a caixa de papel, como é que fica o emprego das pessoas que fabricam a caixa?”; “Eu jogo a latinha no chão para o catador ter material para pegar!”, “Se não levar sacola plástica, como vou embalar meu lixo?”.
Por trás de todas estas falas existe uma grande resistência em se adequar a uma nova realidade, que se tornou gritante no século XXI. Precisamos de novos hábitos e novas atitudes que reflitam um novo discurso. Mudar é difícil, mas basta começar aos poucos para perceber que tudo é possível. Como diz o poema da Cecília Meireles, Nem tudo é fácil:
“Nem tudo é fácil na vida…Mas, com certeza, nada é impossível
Precisamos acreditar, ter fé e lutar
para que não apenas sonhemos,
Mas também tornemos todos esses desejos, realidade!!!”
Saiba como montar uma composteira em casa seção de Vídeos do site da Recicloteca
Assista a edição “Lixo orgânico é transformado em adubo por rede de supermercados no RJ” do programa Cidades e Soluções da Globo News
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