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Super produção de lixo no Japão e as medalhas recicladas das Olimpíadas 2020

Atualizado em julho de 2021

O Lixo no Japão é um problema relativamente diferente do que temos no Brasil. Embora seja parecido, da lixeira para frente o caminho precisa ser distinto pois aquele populoso país, formado por ilhas montanhosas, tem peculiaridades que nós não temos, principalmente maior geração de resíduos por pessoa e pouco espaço para construir aterros sanitários.

Para entender melhor qual o significado ambiental da ação do Comitê Olímpico Japonês precisamos de informações mais detalhadas. Numa rápida pesquisa na internet e considerando apenas os celulares, descobre-se que para se conseguir 1 grama de ouro são necessários de 34 a 41 celulares. Serão usados de 340.000 a 410.000 celulares para se obter os 10 kg de ouro necessários, já que as medalhas são apenas banhadas a ouro e não maciças como aparentam ser.
Para as medalhas de bronze usarão 736 kg o que equivale a 57 mil celulares, pois cada um tem cerca de 12,7 g do metal. Mas precisam de 1230 kg de prata e como cada celular possui apenas 26 gramas a demanda é de mais de 4 milhões e 700 mil celulares. Como o mercado de celulares no Japão é de aproximadamente 38 milhões de aparelhos por ano a iniciativa só dará conta de pouco mais de 10% dos aparelhos antigos e apenas pela necessidade da prata. A escolha do modelo de produção das medalhas seria mais importante pelo exemplo que pelo resultado prático na redução do impacto do descarte anual de celulares no Japão. Mas, como discutiremos mais abaixo, talvez nem o exemplo seja válido.

É fundamental termos senso crítico apurado com relação a tudo de meio ambiente que vem de fora do país. A iniciativa é louvável, mas de importância pontual e apenas para o evento olímpico. A extração de metais nobres de aparelhos eletrônicos descartados ainda usa uma tecnologia cara, e muitos empresários desistiram dela mundo afora por não conseguirem obter lucro. O que há de concreto é um garimpo urbano, com a reciclagem do lixo eletrônico sendo feita por pequenas empresas em países “em desenvolvimento” (vulgo terceiro mundo) com exploração de mão-de-obra muito barata, sem direitos trabalhistas justos, o que prejudica a saúde dos trabalhadores e contamina o meio ambiente. Ou seja, não serve como exemplo a ser seguido pois a prática ainda é economicamente inviável, socialmente injusta e ambientalmente questionável.

Some-se a isso tudo o fato de que a sociedade japonesa é bastante consumista, geram em média 70% mais lixo por dia que os brasileiros. Atacar o consumismo deveria ser prioridade, no entanto a visibilidade maior está nas melhorias para tratar os muitos resíduos que geram. É importante, mas custa caro, o povo parece estar sendo apenas adestrado para a limpeza e não educado para o consumo responsável. Além disso, sua gestão de resíduos é pautada em multas, altos investimentos em tratamento de resíduos e, aparentemente, pouco estímulo à consciência.

Detalhe: apesar de reciclar muito o Japão ainda incinera 80% do seu lixo. E gera poluição com isso! Claro que o país segue aperfeiçoando a tecnologia para reduzir as emissões, mas mesmo com poluição zero esse é um modelo muito polêmico e questionável. É caro, complexo e enfraquece a necessidade de consumir com responsabilidade. Basta separar corretamente.

É como a velha prática de Barcelona… Sumindo com o lixo, sumiu o problema…

Saiba mais:

O (mau) exemplo europeu e a coleta de lixo em Barcelona

França proíbe descartáveis. Mas e a educação ambiental?

Reciclar é importante, mas reduzir o lixo é muito mais!

Trashed – Para Onde Vai Nosso Lixo


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