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Lixão de Jardim Gramacho: uma tragédia sem fim?

Começando pelo Lixão de Jardim Gramacho, o site G1 faz uma série de matérias sobre os lixões do estado do Rio de Janeiro. Localizado no bairro de Jardim Gramacho em Duque de Caxias na Baixada Fluminense ele abrigou durante 34 anos o maior depósito de lixo da América Latina.

Lixão ou aterro sanitário?

Mas antes um parênteses. Não há como explicar a insistência da mídia em errar de forma vergonhosa na definição deste depósito. O depósito de Jardim Gramacho sempre foi um lixão, nunca um aterro sanitário. No máximo recebeu alguns cuidado que o tornaram um aterro controlado, mas essencialmente ainda era um depósito muito inadequado, situado numa tripla APP (área de preservação permanente) pois ficava num manguezal, na beira da Baía de Guanabara e do Rio Sarapuí. Permitia o trabalho de mais de mil catadores e não cobria o lixo ou tratava completamente o chorume. Logo Jardim Gramacho era sim um lixão.

Lixão de Jardim Gramacho foi fechado em 2012

O fechamento desse lixão em 2012 foi celebrado pelos governantes, mas nem tão comemorado por todos os que realmente conhecem os problemas que esse lixão causou à região. É que o lixo não desaparece como mágica e o depósito inspira cuidados intensos e constantes por muitos anos para minimizar o passivo socioambiental. Não é o que vem sendo feito.

A região é muito pobre e dominada pelo tráfico de drogas, sempre foi, não é novidade. Caberia aos governos das três esferas investimentos pesados não apenas para dar uma alternativa de renda aos catadores, mas para reordenar toda a região. Como não o fizeram e a ‘indústria’ e cultura do descarte irregular de lixo são muito presentes em nossa sociedade, o tráfico de drogas passou a explorar mais esse ‘filão’ do negócio ilícito. Bastante previsível.

As autoridades explicam o problema para combater o tráfico de drogas, para revitalizar a região e remediar o lixão, mas de um modo geral a sociedade ignora o problema pois agora o seu lixo vai para um aterro sanitário e assim a consciência de todos fica tranquila. Mas é impossível nos livrarmos da responsabilidade pela herança maldita ao bairro de Jardim Gramacho, décadas de descaso público e ignorância conveniente da população carioca geraram uma tragédia social  difícil de ser solucionada. No momento só nos resta lamentar, mas também observar muito bem quais medidas os governos vão adotar para que possamos cobrar e escolher melhores políticos no futuro.

Saiba mais:

Polo de Reciclagem de Gramacho: a quem queremos enganar?

Gramacho: um balneário bucólico?

De Jardim Gramacho a Seropédica: O caso do lixo no Rio de Janeiro

A Herança Maldita

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