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A sustentabilidade está à venda – Parte 2

EMBALAGENS

Afinal, o que nós, consumidores, podemos fazer no ato da compra para sermos mais responsáveis com o ambiente que vivemos?

Para iniciar esta conversa, precisamos esclarecer um ponto controverso sobre este tema. Consumir de formar mais responsável com o ambiente que vivemos não significa, necessariamente, pagar mais caro pelos produtos.  Existem sim produtos mais caros, como os orgânicos, mas existem também formas de impactarmos menos o ambiente pagando menos.

Há três anos, a equipe da Recicloteca foi ao supermercado conferir se está premissa era verdadeira ou não. Na verdade, quando começamos a nos preocupar com o ciclo de vida das embalagens, conseguimos economizar dinheiro. E a experiência foi muito simples.

Elegemos uma lista de seis produtos que, posteriormente, nas nossas compras rotineiras expandimos para muitos outros itens. Iniciamos então com leite, biscoito de chocolate, filtro de café, chá mate, tempero industrializado e queijo.

Fomos ao supermercado duas vezes.

Na primeira vez, nós não nos preocupamos com as embalagens. Compramos o que havia de mais prático e dentro dos padrões de qualidade estipulados previamente. Foram:

  • Três litros de leite em caixas longa vida;
  • Um pacote de biscoito de chocolate com estes embalados de três em três (aquelas embalagens individuais) com um total de 180g;
  • Uma caixa de filtro de café de papel;
  • Seis litros de mate prontos para beber divididos em quatro garrafas de 1 1/2 litro;
  • Uma caixa de tempero industrializado em granulo com 40g;
  • Uma bandeja com 200g de queijo mussarela.

Com um valor total de aproximadamente R$ 33,00.

Nossa segunda ida ao supermercado foi mais cuidadosa. Tentamos comprar os mesmos produtos, com a mesma qualidade na mesma quantidade. Conseguimos:

  • Três litros de leite em saco plástico (pode ser encontrado na área de frios de alguns supermercados e padarias de bairro);
  • Um pacote de biscoito de chocolate com uma única embalagem com um total de 160g;
  • Um filtro de café de pano;
  • Um litro de mate concentrado que rende seis litros de chá;
  • Uma caixa de tempero industrializado em tablete com 63g;
  • Um pacote com 200g de queijo mussarela.

Com um valor total de aproximadamente R$ 19,00.

A economia foi 43% do valor da compra final em relação à inicial.

Se pensarmos que este modelo pode ser replicado para diversos produtos nas idas mensais ao supermercado, podemos contabilizar uma grande economia de recursos financeiros ao final do ano.

Mas, e a sustentabilidade neste exemplo?

O saco da esquerda é o da primeira compra e o da direita contém as embalagens da segunda compra.

A redução do volume de embalagens descartadas traz dois benefícios.

O primeiro é a diminuição de recursos naturais retirados do planeta para serem automaticamente descartados após o consumo do produto. Recursos que são finitos, como a bauxita e o petróleo.

O segundo é o volume que este resíduo ocupa nos depósitos de lixo, diminuindo o tempo de vida útil destes. Hoje, as grandes cidades já têm dificuldades em encontrar áreas próximas e com as características adequadas para a implantação de aterros sanitários, que é uma obra de engenharia muito cara para a gestão municipal.

O tipo de embalagem escolhido também é importante. Embalagem com mais de um tipo de material tem sua decomposição e o processo de reciclagem dificultado. A embalagem longa vida, por exemplo, utiliza três tipos de materiais – alumínio, plástico e papel. Invólucros de biscoito laminadas por dentro são compostos por alumínio e plástico.

Já o isopor é plástico expandido, isto é, plástico com ar. Pelo volume que ocupa e seu pouco peso, ele é um material pouco valorizado pelas cooperativas de catadores. Outro problema, não só deste como de outros materiais, é a concentração das indústrias recicladoras em alguns estados do país. No caso do isopor, a indústria está mais concentrada em Santa Catarina e São Paulo.

Outro ponto importante a ser destacado é a utilização de produtos descartáveis, como o filtro de café de papel. Nesta experiência adquirimos apenas um caixa, mas certamente teríamos que comprar muitas outras para poder equiparar a durabilidade deste produto ao do filtro para café feito de pano. Por mais que o filtro de papel seja feito de um material que possui uma decomposição relativamente rápida no ambiente, estaremos plantando desertos de eucaliptos para o uso não nobre de um material muito importante para nossa sociedade.

Agora que entendemos o problema envolvendo as embalagens, continuamos este papo amanhã sobre a origem dos produtos.

Até lá!

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