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A economia da floresta

Contra o extermínio de gente e de biodiversidade, o que nós consumidores finais refugiados nos grandes centros urbanos do país podemos e devemos fazer é escolher com mais consciência e discernimento os produtos amazônicos que nos convém no dia-a-dia.

Por André Trigueiro

Os adeptos da “açaímania” (a compulsão pelo fruto amazônico que arrebatou milhões de brasileiros e pode ser encontrado em lojas especializadas dos Estados Unidos, Europa e Japão) talvez não saibam, mas a produção brasileira já alcançou 1 milhão de toneladas, o que daria 5Kg de açaí para cada brasileiro e uma receita bruta de 700 milhões de reais por ano. Para que haja açaí na tigela é preciso proteger os açaizeiros, especialmente aqueles que existem (e resistem) no Pará, de onde sai 85% da produção nacional.

Falando em Pará, a castanha –  batizada com o nome do estado cujo território seria capaz de abarcar Espanha, França Portugal e Suíça juntos –  movimenta 15 milhões de reais por ano num negócio que depende visceralmente da existência (ou resistência)  da castanheira, árvore frondosa e  imponente que pode chegar a 50 metros de altura, e que aparece na lista das espécies ameaçadas de extinção do Ministério do Meio Ambiente.

Também na floresta amazônica, as espécies de grande valor comercial para a indústria farmacêutica e de cosméticos não estão livres de riscos. Para citar apenas dois exemplos, a andiroba – repelente natural que possui propriedades  cicatrizantes e antiinflamatórias – e a copaíba – conhecida como o “antibiótico da floresta” com múltiplas indicações terapêuticas – embora justifiquem negócios da ordem de 10 milhões de reais por ano, são espécies pressionadas por um mercado em expansão.

Nada, entretanto,  supera a atratividade comercial da madeira. O setor movimenta algo em torno de 5 bilhões de reais por ano num negócio onde ainda prevalece a incerteza quanto à origem legal do produto. Em que pese o crescimento do mercado ético sustentado por empresários que investem em modernos sistemas de certificação e selagem, quem ainda faz a diferença para estancar a sangria de biodiversidade da Amazônia é o consumidor final. Tal como se dá no mundo das drogas onde  megaoperações policiais tentam erradicar os traficantes do mapa, a sobrevida desse gênero de negócio depende basicamente daquilo que em economia se convencionou chamar de “demanda”. Enquanto houver gente comprando, haverá gente vendendo.

Chico Mendes foi assassinado com tipos de escopeta em Xapuri, no Acre, por proclamar a ideia de que a floresta em pé gera mais emprego e renda, e produz mais riqueza, do que a floresta derrubada. Ao defender a mesma coisa, a missionária americana Dorothy Stang foi igualmente assassinada por matadores de aluguel em Anapu, no Pará. A matança continua. A lista dos ameaçados de morte só faz crescer.

Contra o extermínio de gente e de biodiversidade, o que nós consumidores finais refugiados nos grandes centros urbanos do país podemos e devemos fazer é escolher com mais consciência e discernimento os produtos amazônicos que nos convém no dia-a-dia.

Fonte: Mundo Sustentável

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