A opção pela simplicidade é quase sempre o melhor caminho para a eficiência. Essa lição que o mundo natural nos envia todo o tempo é freqüentemente esquecida ou até mesmo ignorada, a ponto de causar surpresa quando uma idéia simples funciona. Um exemplo recente disso é a adoção da sacola retornável para substituir as sacolas plásticas em nossas compras, principalmente nos supermercados. Uma proposta simples e eficiente: ao racionalizar o uso até então indiscriminado dos sacos plásticos, pela simples providência de utilizarmos sacolas retornáveis, sejam de pano, papel, palha, plástico vinil etc., estamos coerentes com o propósito irrecusável de minimizar os impactos provocados pelos resíduos que geramos, agindo de forma acessível e replicável.
E, também, ficamos em conformidade com as mais recentes premissas científicas, que indicam a necessidade urgente de mudanças nas políticas públicas e de conduta pessoal para garantirmos a qualidade necessária para a vida.
Levando em conta que 30% dos municípios brasileiros não dispõem de coleta alguma de lixo; que, dos 70% restantes que têm algum tipo de coleta, menos de 1% desses dispõem de centrais de tratamento de resíduos com aterros sanitários e alguma iniciativa de coleta seletiva. Levando em consideração, ainda, que 90% do lixo flutuante dos oceanos são constituídos de sacos plásticos; que as famílias brasileiras consomem em média 70 sacolas plásticas por mês, ou seja, 800 por ano, que ao multiplicarmos pelas mais de 40 milhões famílias brasileiras se transforma em um número assustador, esses dados nos ajudam a refletir no sentido de que é mais eficaz inibir já o uso dos sacos plásticos para evitar o desperdício e o descarte inadequado.
Por serem distribuídas gratuita e indiscriminadamente, sem controle de qualidade, as sacolas plásticas descartáveis acabam por impermeabilizar o solo e aumentar a ocorrência de enchentes nos centros urbanos, além de poluir os corpos hídricos carreados pelos ventos, pelas chuvas, pelos rios, pelos vazadouros oficiais e clandestinos. Ocasionam a morte de inúmeros animais marinhos, promovendo a formação de gases e de chorume, contribuindo para os desmoronamentos que matam e destroem.
Fora das grandes cidades, a reciclagem de embalagens é praticamente inexistente, pela dificuldade de alcançar escala que compense as distâncias, as especificações e os valores de mercado.
Considerando que éramos 1 bilhão de habitantes no globo até o século XIX e, que hoje, a população mundial aumenta essa quantidade a cada 15 anos, temos que considerar, ou reconsiderar, as providências que tragam mais eficiência e acessibilidade, uma vez que nem sempre as tecnologias levam em conta as condições ecológicas do planeta.
A saída é a prática do consumo responsável, estimulada através de campanhas de educação ambiental e acompanhadas de medidas como o acordo firmado entre a Secretaria do Ambiente do Estado de S. Paulo e a Associação Paulista de Supermercados, para extinguir a distribuição de sacolas plásticas descartáveis, repetindo a vitoriosa experiência do município de Jundiaí. Também no Estado do Rio de Janeiro, a Lei das Sacolas Plásticas (Lei n° 5.502/09) vem obtendo a adesão crescente da população. Bolsa de feira, sacolinha dobrável, seja como for, cada um de nós sabe encontrar a melhor forma: inteligente, consciente, simples, retornável.
* Artigo originalmente escrito para o Grupo Estado
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