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Sunset Park Material Recovery Facility NY: Reciclagem Automatizada

A cidade de Nova Iorque, EUA, inaugurou em Dezembro/2013 uma unidade de reciclagem automatizada, chamada Sunset Park Material Recovery Facility. O empreendimento é resultado de uma parceria público-privada (PPP) entre a prefeitura e a empresa SIMS Municipal Recycling (SMR), responsável pela operação, e custou cerca de U$110 milhões. Com 85 funcionários divididos em 2 turnos, a unidade recebe o resíduo reciclável das residências de cinco bairros da cidade: Manhattan, Bronx, Brooklyn, Queens e Staten Island, e tem capacidade para processar até 1000 toneladas diárias de plásticos, metais e vidros da cidade.

usina perfil transversal
Foto: http://www.simsmunicipal.com/NYC/Sunset-Park-MRF

Esta unidade não processa papel e papelão, que são meramente encaminhados a outras unidades de reciclagem. Bioplástico também não é reciclado ali atualmente, pois este material não tem apresentado interesse econômico. Os vidros são aceitos apenas sob a forma de garrafas e jarras. Espelhos e janelas, não. Os vidros transparentes são vendidos para fabricantes de garrafas e os vidros coloridos são fornecidos para a cadeia da construção civil sustentável. No intuito de manter regras simples para a população, aceitam nesta unidade todo tipo de plástico duro, tipicamente usado em embalagens. Algumas destas embalagens, porém, não podem ser recicladas, como por exemplo as que contem certas misturas de plásticos em sua composição, ou as que recebem invólucros termoadesivos de PVC.

A usina opera abaixo de sua capacidade máxima, pois a cidade consegue coletar apenas 44% de todos os resíduos recicláveis gerados pelos nova-iorquinos. O restante ainda segue para aterros sanitários.

Os resíduos são trazidos por caminhões da prefeitura e depositados em um grande galpão coberto. Como a usina fica na beira de uma baía, o material pode chegar também via barcaças, por um canal lateral coberto. A barcaça é uma estrutura simples, mas que transporta o equivalente a 100 caminhões. Uma garra mecânica transfere o material das barcaças para o grande galpão. Uma pá mecânica transfere o material para uma grande esteira automatizada, que transporta os resíduos para a parte interna da usina.

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Galpão: Resíduos entrando na esteira em direção à usina. (Foto: Claudia Khair/2016)

Enquanto são transportados de forma contínua pelos 3 km de esteiras, os resíduos são segregados através de diferentes processos exclusivamente mecanizados. Inicialmente, o material passa lentamente por um tambor onde os sacos são rasgados e sacudidos para separar os resíduos uns dos outros. Seguem para uma esteira segmentada, que os agita e quebra os vidros em pedaços pequenos, que caem por pequenas aberturas na esteira. Em seguida, a esteira passa sob um tambor imantado que retira os metais, e os transfere para uma esteira a parte, onde são separados por tipos: latas de alumínio, panelas de ferro, etc.

esteiras ainda novas
Foto: http://www.simsmunicipal.com/NYC/Sunset-Park-MRF

Os resíduos restantes, basicamente plástico e papel, são separados com o auxílio de scanners ópticos. Cada scanner fica “fotografando” várias vezes por segundo um ponto específico da esteira. Dessa forma, permite identificar cada tipo de material que está passando ali, e sua posição na esteira. Logo adiante, no final da esteira, há 200 saídas de ar comprimido, calibradas de acordo com o peso do material que se quer selecionar. Quando este material passa por este ponto, as saídas de ar localizadas sob ele são acionadas e o material é então “soprado” pra fora da esteira, recolhido em outra seqüência de esteiras. Os demais materiais caem e seguem adiante.

Fonte: Elaboração própria, baseada em http://www.lla-instruments.com/spectrometer-cameras/multiplexed-nir-spectrometer.html.
Fonte: Elaboração própria, baseada em http://www.lla-instruments.com/spectrometer-cameras/multiplexed-nir-spectrometer.html.

Cada scanner pode ser reconfigurado rapidamente para identificar um diferente tipo de material. Se um tipo de resíduo passou a ter mais valor comercial, ele pode ser facilmente incluído, e outro de pouco valor, retirado. Desta forma, é composta uma seqüência de segregação dos materiais bastante eficiente, tanto sob o ponto de vista operacional como comercial. Dos resíduos processados na usina, apenas 13% não pode ser reciclado e segue para aterros sanitários ou incineradores.

Como o maquinário não é perfeito, o processo envolve ainda uma etapa de controle de qualidade, realizada manualmente por cerca de 20 funcionários, que usam EPI adequado: capacete, luvas, óculos, máscara e botas. O objetivo desta fase é garantir maior qualidade no material separado.

Controle de qualidade é realizado nas cabines brancas, ao fundo. (Foto: Claudia Khair/2016)
Controle de qualidade: separação de resíduos manual é realizadoa nas cabines brancas, ao fundo.           (Foto: Claudia Khair/2016)

O resultado de todo este processo é um material separado com maior qualidade, o que significa que não apenas a usina conseguirá obter melhores valores de compra, como também um maior índice de reciclagem final.

Os materiais são liberados separadamente para a área de prensa, onde são prensados automaticamente em fardos enormes. A saída dos fardos é feita através de caminhões e vagões, pois a usina é interligada também à ferrovia, reduzindo os custos de transporte e o impacto ambiental do transporte rodoviário.

galpao com fardos
Foto: http://www.simsmunicipal.com/NYC/Sunset-Park-MRF

A usina gera sempre 12 tipos de produtos recicláveis, e cada produto tem cerca de três compradores diferentes, de diferentes partes do mundo, mas a maior parte é norte-americana.

A usina possui uma instalação de painéis solares com capacidade de 600kW e instalou recentemente uma turbina eólica com capacidade de geração de 100kW. Assim, 20% da eletricidade consumida provém de fontes alternativas de energia próprias, reduzindo os custos de operação.?


Claudia Khair é Especialista em Gestão Ambiental pela UFRJ e Engenheira Eletrôncia pela PUC-RJ, e atualmente atua em projetos de educação ambiental, produção de conteúdo ambiental para mídias sociais, e na captação de recursos como voluntária na Recicloteca.


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