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Se tartarugas marinhas falassem

Por Afonso Capelas Jr. – Planeta Sustentável

Elas certamente suplicariam para que deixássemos de poluir os oceanos. Golfinhos, baleias, tubarões, focas e outros animais marinhos gritariam em coro: “Parem de jogarembalagens e sacolas de plástico em nossa casa!”

Todos eles teriam muita razão de reclamar. Os cientistas não param de encontrar evidências dos estragos que estamos causando à fauna aquática dos sete mares. Mês passado o The New York Timesdivulgou um estudo publicado pelo Environmental Toxicology and Chemistry dando conta de ter encontrado vestígios de 67 produtos químicos usados em agrotóxicos e outros produtos industriais no organismo de 19tartarugas marinhas que vivem nas proximidades do Cabo Canaveral, na Flórida.

Antes disso, em março, pesquisadores de 35 países participaram da 5ª. Conferência Internacional sobre o Lixo Marinho, em Honolulu, no Havaí, onde selaram o Compromisso de Honolulu, para alertar sobre os danos causados pelo lixo nos oceanos e seus habitats, na economia mundial e na cadeia alimentar dos seres humanos.

A situação é mesmo preocupante. Nos últimos anos os oceanos têm funcionado como uma espécie de lata de lixo do planeta, o destino final de quase tudo o que descartamos. As consequências são fortes. Mais de 260 espécies marinhas sofrem com a ingestão de lixo: 86% das espécies de tartarugas, 44% das espécies de aves e 43% dos mamíferos.

Há suspeitas sobre o impacto que substâncias tóxicas liberadas principalmente pelosplásticos despejados nos mares podem causar à saúde humana. Os pesquisadores já estudam a possibilidade dos microplásticos – pequenos pedaços desintegrados nas águas – entrarem de alguma forma em nossa cadeia alimentar. Eles já foram encontrados não só nos estômagos de tartarugas, mas também de baleias, golfinhos, várias espécies de peixes e, inclusive, depositados em moluscos e crustáceos.

Sabe-se que grande parte desse material chega aos oceanos na forma de embalagens e sacolas descartáveis. Um relatório da organização de pesquisa norte-americana Seaturtle estima que, das cerca de 1 bilhão de sacolas ofertadas diariamente em todo o mundo, 0,5% chega aos oceanos. Não, não é pouco, basta fazer as contas.

Outra revelação do documento diz que durante a década de 1960, menos de 1% do lixo era de plástico. Hoje ele compõe até 80% de todo o montante acumulado no solo, nas regiões costeiras, na superfície e no fundo dos oceanos. Note que apenas três anos atrás falava-se em 70%.

“No ano passado contei 76 sacolas plásticas em apenas um minuto, no mar da Indonésia”, disse o co-autor do relatório da Seaturtle, Wallace J. Nichols. São as mesmas sacolinhas que a indústria do plástico insiste em dizer que não agridem o meio ambiente.

Acreditar na inocência das sacolas descartáveis, aliás, é como crer nas adoráveis fábulas de Esopo e La Fontaine, aquelas onde os bichos podiam falar.

Foto – motleypixel/Flickr – Creative Commons

Leia também:

Abomináveis peixes de plástico
A viagem do lixo

Fonte: Planeta Sustentável

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