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Lixo: uma análise de percepções e práticas sociais

Por Filipe Leonel – Informe ENSP

Quais são as percepções da sociedade em relação ao lixo? Foi na busca de responder essa e outras questões relacionadas aos resíduos sólidos que a bióloga Caroline Porto de Oliveira defendeu a dissertação Lixo: problemas, caminhos possíveis e práticas diárias na percepção do cidadão no programa de Saúde Pública da ENSP. O trabalho concluiu que o lixo, na quantidade produzida e da forma como é tratado atualmente, é considerado fonte de grande impacto ambiental, como contaminação atmosférica, do solo e dos corpos hídricos, aumento na probabilidade de enchentes e impacto na fauna através da sua ingestão. Ao abordar a composição, o plástico foi considerado o componente mais prejudicial, seguido pelo vidro, metais e papéis.

Durante oito anos, Caroline atuou no projeto denominado Recicloteca – um Centro de Informações sobre Resíduos Sólidos e Meio Ambiente, desenvolvido pela ONG Ecomarapendi e com sede no município do Rio de Janeiro. Lá, manteve contato com diferentes pessoas que, por algum motivo, se interessavam pelo tema e procuravam a instituição para se orientar a respeito do lixo.

“Tive contato com estudantes do ensino médio, alunos de graduação, pós-graduação, comerciantes, jornalistas, profissionais da área ambiental, síndicos e, na grande maioria das vezes, percebi que o assunto lixo incomodava por alguma razão. Eles identificavam como aspectos negativos a poluição ambiental e os possíveis danos à saúde, mas também vinham buscar informação sobre a coleta seletiva e reciclagem. Com essa experiência, desenvolvi o trabalho cujo destino é realizar uma análise do lixo a partir das percepções e práticas sociais. O que fazemos com nossas sobras? O que pensamos sobre elas? Esses foram alguns questionamentos.”

Com base nas entrevistas semi-estruturadas, realizadas com 25 adultos que entraram em contato com a Recicloteca, identificou-se a necessidade de investir no gerenciamento integrado dos resíduos sólidos envolvendo as esferas pública, privada e da sociedade civil, prover uma educação transformadora a fim de estimular a participação social e dar ênfase ao resíduo orgânico, um componente visto como pouco prejudicial, porém com grande potencial de contaminação ambiental e danos à saúde na quantidade gerada e da maneira como é disposto. “Apesar de o resíduo orgânico ser considerado menos prejudicial, há, de fato, uma visão dúbia com relação a este material, ora visto sob uma conotação negativa por conter patógenos e pelo odor; ora tido como inofensivo por ser de rápida decomposição”, admitiu a bióloga, que se referiu aos resíduos domiciliares em sua dissertação.

Política Nacional de Resíduos Sólidos pode ser um importante instrumento de mudanças

Outro aspecto identificado na fala das pessoas tem a ver com a complexidade do lixo. De acordo com Caroline, que foi orientada pela pesquisadora Marta Pimenta Velloso, seu público-alvo (considerado diferenciado e sensível às questões ambientais por ter procurado a Recicloteca por iniciativa própria) mencionou diversas possibilidades e caminhos em relação aos resíduos, além de entender que a questão deve ser gerenciada de forma integrada e com responsabilidade compartilhada.

“No que se refere às responsabilidades, observa-se que estas são atribuídas a diversos setores e atores sociais, com diferentes graus e esferas de atuação, caracterizando a necessidade de responsabilidade compartilhada. Como medidas cabíveis para o enfrentamento do problema, a coleta seletiva e a reciclagem ganham destaque, mas medidas de redução e reutilização também são citadas como relevantes e praticadas no dia a dia dos entrevistados. A necessidade de investimentos na área educacional é unânime e apresentada como imprescindível para a melhoria no sistema de gerenciamento de resíduos sólidos”.

Nas considerações finais de seu trabalho, Caroline menciona a Política Nacional de Resíduos Sólidos como uma importante estratégia para trazer mudanças significativas no quadro atual de tratamento do lixo, e deixa algumas recomendações, como o tratamento e gerenciamento do lixo de forma integrada, contemplando seus aspectos ambientais e sociais; ações específicas para o lixo orgânico, atualmente tratado como material negligenciado; e que as ações da política nacional sejam acompanhadas da participação popular e controle social para que as pessoas se reconheçam nas ações empreendidas.

Foto Caroline: arquivo pessoal

Fonte: Informe ENSP – Fiocruz

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